A
própolis demonstra cada vez mais aos cientistas um enorme potencial
terapêutico, capaz de ajudar no tratamento de diversas doenças. O Brasil é
destaque internacional na sua produção.
Em tempos
de pandemias respiratórias e epidemias sazonais, cambatê-las com produtos
naturais pode propiciar uma boa recuperação a baixo custo. Dentre os produtos
empregadas com esse objetivo, a própolis vem se destacando mundialmente, em
virtude de seu imenso potencial na prevenção e no tratamento de diversas
doenças, desde um simples resfriado até o câncer.
A
própolis é uma mistura complexa de aspecto pastoso formada por matérias
resinosos e balsâmicos de origem vegetal, a qual é coletada por abelhas e modificada
por meio de suas secreções salivares. As abelhas utilizam a própolis no reparo
de frestas e danos na colméia, o que auxilia na manutenção da temperatura
interna, além de proteger contra a entrada de insetos e proliferação de
microorganismos. Esse fato serviu de inspiração para a palavra: em grego, propolis significa “em defesa da cidade”
ou “ em defesa da colméia”.
(Massa de Própolis)
Esse
produto é usado pelo homem desde 350 a.C. Os gregos aplicavam-no em abscessos e
os egípcios o empregavam em mumificação; os romanos e incas tratavam ferimentos
com ele. Já no século 18, a própolis foi
comumente utilizada em vernizes como conservante de madeira, tanto que está
presente em violinos produzidos por uma das mais famosas marcas desses
instrumentos, a Stradivarius. Mas ela só viria a se tornar realmente popular na
década de 1980, quando ganhou importância na medicina complementar. Atualmente
são distribuídas à própolis muitas propriedades farmacológicas, como atividades
antimicrobiana, antiviral, antitumoral, anti-inflamatória anestésica,
cicatrizante e antioxidade.
Conhecem-
se diversos tipos desse produto. Só no Brasil existem 13, incluindo própolis
marrom, própolis verde, própolis vermelha, própolis preta, própolis amarela e o
geoprópolis. Esses são diferenciados pela cor, pelo odor e pela consistência.
As características da própolis estão associadas à planta de origem e à espécie
de abelha produtora.
Dentre os
tipos existentes,a própolis verde ( muitas vezes chamada de própolis brasileira)
produzida sobretudo no sudeste do país, é a mais valorizada internacionalmente.
Seu alto valor agregado supera até mesmo o preço do mel: em 2009, o preço médio
do quilo do própolis foi de US$ 56,55, enquanto o quilo do mel foi vendido a
US$ 2,74. O maior importador da própolis verde é o Japão: apenas em 2009, 91,9%
da própolis exportada pelo Brasil foi destinada ao mercado daquele país, ao
valor de US$ 4,54 milhões. Em Tóquio, um frasco chega a custar US$ 3. A
supervalorização da própolis verde se explica, principalmente, por sua eficácia
na inibição do crescimento de células tumorais devido à presença de substâncias
como a artepilina C. Ela é utilizada como marcador químico de mensuração da
qualidade da própolis verde. Esse tesouro verde é proveniente da coleta, pelas
abelhas comuns ( Apis Mellifera) , das resinas dos brotos de um arbusto
conhecido popularmente como alecrim-do-campo ou vassourinha ( Baccharis
dracunculifolia). O alecrim-do-campo é um arbusto frequente em pastagens
abandonadas e em áreas de Cerrado e Mata Atlântica. Nas cidades, é muito comum
encontrar esse vegetal em lotes vagos e lugares descampados, pois ale necessita
de muita luminosidade para sobreviver. Na ecologia, é uma espécie-modelo para a
região tropical em razão do grande número de estudos realizados.
O
alecrim-do-campo está intimamente ligado à cultura popular. Utilizado na
fabricação em vassouras, ele também figura em poesias, cantigas populares,
simpatias e rituais de purificação no âmbito místico/religioso. Não abstante, muito
tempo antes de ser conhecido como fonte botânica da própolis verde, esse
arbusto já era largamente utilizado em diversas indicações: antibiótico,
anti-inflamatório, antirreumático, diurético, cicatrizante, tônico e até mesmo
anticonvulsivo.
Outra variedade
tupiniquim de própolis vem chamando a atenção da comunidade científica: a
própolis vermelha. Foram identificadas nela seis novas substâncias com
propriedades farmacológicas relacionadas a potenciais antitumorais,
analgésicos, e antimicrobianos. Originária do Nordeste do país, a própolis
vermelha é coletada dos caules da planta Dalbergia
ecastophyllum, muito comum em estuários, mangues, e regiões costeiras, em
virtude de sua preferência por ambientes salinos. A espécie de abelhas
responsável pela coleta dessa resina vermelha é a mesma produtora de própolis
verde do Sudeste.
Existem
cerca de 240 patentes de produtos derivados de própolis, muitas delas associadas
a produtos dermatológicos, odontológicos, cosméticos, alimentos e remédios. É
bem pouco, se for considerado que a própolis é conhecida e utilizada há
milênios.
Certamente,
há um vasto campo a ser desvendado sobre inúmeras variedades de própolis
originárias da flora brasileira e de suas abelhas, além os produtos delas
derivados. Todo esse conhecimento proporcionará um amplo leque de benefícios
para melhorar a qualidade de vida humana.